Page 58 - (Re)bolar a História
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A embaixatriz do Samba Paulista
Olá! Meu nome é Maria Esther de Camargo Lara, mas pode me chamar de
Dona Maria. Considero-me uma pessoa fantástica, pois sou embaixatriz do Samba
Paulista! Incrível, né?
Bom, tudo começou na data do meu nascimento, no dia 2 de maio de 1924,
em Pirapora do Bom Jesus.
Eu tenho uma personalidade bem marcante, pois estou sempre disposta a
dançar o que eu gosto! Sabe o que é? O samba de roda! Mas quando ia dançar,
meu pai não me deixava sair de casa, acredita?... Mas, como eu era bem esperta,
enquanto meu pai não ficava me olhando, eu fugia pela janela para poder dançar!
Quando fui a São Paulo, conheci Deolinda Madre, mais conhecida como
Madrinha Eunice, e Geraldo Filme de Souza. Lá, nós fundamos a escola de samba
Lavapés, na década de 1940. Foi uma das primeiras escolas de samba de nossa
História.
Deu saudade dos meus dois amigos ao escrever para vocês, mas a Eunice é
a que mais sinto falta. Foi minha grande amiga e companheira. Nasceu em 1909 e
faleceu em 1995.
Ela tinha uma boa personalidade, espírito bem independente e não deixava
ninguém mandar nela, sem ninguém limitando as suas decisões, sendo um grande
feito para uma mulher de ascendência africana em meio ao momento em que havia
racismo e os homens eram considerados superiores às mulheres. Legal, né? Eunice
foi uma das maiores contribuidoras para o carnaval e samba de São Paulo
existirem! Foi a primeira mulher negra a participar de uma Comissão de Frente,
colocando mais mulheres ao samba paulista.
Meu grande amigo Geraldo, mais conhecido como Geraldo Filmes, tem uma
boa história para ser contada. Ele nasceu em 1927 em 25 de agosto, lá em São
João da Boa Vista, no estado de São Paulo. Os outros apelidos dele são “Seu
Geraldo”, “Geraldão da Barra Funda”, “Tio Gê”, “Corvão” e, na sua infância, seu
apelido era “Negrinho das Marmitas”, por ajudar a mãe a entregar marmitas para
seus clientes.
Ele é conhecido por ser um cantor e um belo compositor famoso. A mãe de
Geraldo criou o sindicato das empregadas domésticas, que seria, futuramente, a
Escola de Samba Paulistano da Glória, uma das escolas mais tradicionais de São
Paulo. Ele, além de ser cantor e compositor, também é escritor. Seu primeiro livro
chamou “História das Quebradas do Mundaréu”. A primeira música de samba que
criou foi “Eu vou Mostrar”.
Ainda na década de 1940, ao lado de Honorato Missé, eu fundei o Grupo
Samba de Roda de Bom Jesus de Pirapora.
Agora é a vez da história de meu amigo, Honorato Missé, nascido em 1903.
Ficou muito famoso ao construir o primeiro grupo de samba de roda, na cidade de
Pirapora do Bom Jesus. Após adquirir fama, ele ficou conhecido como “dono do
samba” e melhorou sua situação financeira! Incrível, não é?
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