Page 53 - (Re)bolar a História
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Maria Esther e a mulher atualmente

                       Olá, meu nome é Maria Esther. Eu nasci no dia 2 de maio do ano de 1924.
               em  Pirapora  do  Bom  Jesus.  Era  pobre  e  descendente  indigena.  Porém,  vim  ao
               mundo com beleza e formosura.
                       Quando era menor, adorava participar das rodas de samba, mas meu pai não
               me deixava ir até elas. Mas, mesmo assim, eu sempre fugia de casa para dançar
               com  meus  amigos.  Quando  voltava  para  casa,  meu pai me batia. Eu sentia uma
               grande tristeza por causa disso. O samba era minha escapatória da tristeza e não
               queria desistir dele. Fico pensando nas mulheres escravizadas que também usavam
               a  música  para  fugir  de  seu  sofrimento.  Sofriam  por  causa  da  escravidão  e  por
               viverem numa sociedade patriarcal.
                       O  samba  paulista  foi  criado  no  século  XIX,  no  interior  do  estado  de  São
               Paulo, com origem africana. Eu fui a principal  referência do samba de São Paulo.
               Onde eu morava, atualmente, é um edifício chamado Casa do Samba Paulista, que
               é um patrimônio histórico. Eu era conhecida como “Embaixatriz do Samba Paulista”.
                       Quem ajudou-me a receber esse título foi a minha amiga Eunice, que nasceu
               em 1909 e faleceu em 1995. Ela era de São Paulo e foi até a minha cidade em uma
               festa  religiosa  e  pudemos  nos  conhecer.  Surgiu,  a  partir  desse  dia,  uma  forte
               parceria.  Atualmente, nas rodas de samba, ainda citam nossos nomes, mesmo que
               a gente não tenha um grande reconhecimento no Brasil.
                       Eunice formou a primeira escola de samba paulista, a Lavapés, e eu a ajudei
               nessa  fundação.  Minha  amiga  sofreu muito preconceito para criar a Lavapés, por
               causa do racismo e do machismo. Ela não se submeteu à ordem do marido de que
               ela  deveria  deixar  de  ser  sambista.  Preferiu  abandoná-lo.  Para  as  mulheres  de
               atualmente daria um conselho: não desistam dos seus sonhos. Mesmo com todas
               as dificuldades, insistam em realizar seus desejos.
                       Foi isso que fez a Aretha Duarte, que, quando era mais nova, era catadora de
               lixo, mas sonhava em escalar o Monte Everest e, para isso, fez muitos treinamentos
               físicos  e  mentais.  Assim, foi a primeira mulher negra e sul-americana a escalar a
               maior montanha do mundo. E eu fico orgulhosa demais dela
                       Vamos incentivar mulheres como ela! Podem, para isso, se inspirar em mim,
               Eunice e Aretha.

                       Davi Martins de Macêdo Soares e Gabriel Santana de Freitas



















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