Page 64 - (Re)bolar a História
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Eu sou Maria Esther

                       Eu sou a Maria Esther! Nasci em São Paulo em 1924 e fui para Pirapora do
               Bom Jesus para residir no edifício, que, hoje, é a atual Casa do Samba. Na época,
               ela era bem simples. O único banheiro que tinha era público. Tinham quatro quartos
               bem estreitos e cada um era uma moradia.
                       Quando eu queria ir para as rodas de samba, meu pai me proibia. Então, eu
               fugia pela janela e ia para as rodas de samba. Era muito divertido! Mas… Quando
               meu pai descobria, ele ia me buscar e, depois, eu apanhava!
                       Na minha infância, eu convivi com ex-escravos. Fui a primeira pessoa sem
               origem  africana  a ser aceita em rodas de samba. As mulheres eram proibidas de
               frequentá-las,  mas,  mesmo  sendo  mulher,  acabei  sendo  aceita.  Esses  dias  me
               perguntaram: “o que significa o samba pra você?” E eu respondi: “Eu sofri muito no
               passado, mas o que me alegrou foi o samba.”
                       Minha  madrinha  era  a  Eunice,  que  me  ensinou  a  sambar  e  também  foi
               importante na   nossa história, pois ela foi a imperatriz do samba! Tem uma estátua
               dela na Praça da Liberdade. Ela já morreu, e eu vou assumir a função dela como
               imperatriz do samba paulista. É uma baita responsabilidade.
                       A  Madrinha  Eunice  ajudou  a  criar  uma  escola de samba em São Paulo, a
               Lavapés,  que  era  um  símbolo  do  samba  paulista.  Não  foi  nada  fácil  ela,  sendo
               mulher  e  negra,  conquistar  a  liderança  dessa  escola, pois sofria com as ideias e
               ações  machistas  e  racistas.  Mas  minha  madrinha  era  forte  e,  por  isso,  que
               conseguiu ocupar esse cargo de liderança. Eu adoro ela.
                       O  fato  da  minha  madrinha  ter  enfrentado  o  racismo  leva-me  a  lembrar da
               história de Aretha Duarte, que sonhava em escalar o Monte Everest no continente
               asiático.  Contudo,  as  pessoas  não  acreditavam  que  ela  conseguiria  realizar  seu
               desejo,  pois  ela  era  catadora  de  lixo,  tinha  uma  renda  muito  baixa  e  era  negra.
               Porém,  ela  conseguiu  realizar  seu  sonho.  Ela  agora  tem  um  livro  que  conta  a
               biografia  dela.  O  nome  dele  é  Da  Sucata  ao Everest - a saga de Aretha Duarte.
               Quero ler esse livro.
                       Eu acredito que todas as meninas e mulheres têm direito de fazerem o que
               quiserem! Sejam elas ricas ou não.
                       Agora,  eu  estou  pensando  em  uma  coisa…  Vocês  já  ouviram  falar  de
               cidadania planetária? Isso tem a ver com a necessidade de que haja respeito entre
               os seres humanos. Que as diferenças não causem discriminação. Assim, eu, minha
               madrinha  e  Aretha  não  teríamos  sofrido os males causados pelo machismo. Que
               isso se espalhe pelo planeta!
                       Decidi  falar  da  cidadania  planetária  com  vocês  para  compartilhar  também
               umas informações sobre o planeta! Nosso planeta está sendo poluído! Desprezado!
               Maltratado! Você já deve ter visto como o Rio Tietê está poluído em Pirapora. Tenho
               saudades de quando suas águas eram limpas. Devemos mudar isso se você não
               quiser um mundo repleto de lixo e poluição! Para um mundo melhor, vamos limpar





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