Page 7 - Fios do tempo
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Apresentação


                       A nossa instalação da Feira Cultural (2025) foi nomeada de  "Fios do tempo".
               Mas  como  esse  título  se  relaciona  com  o  Projeto  “A  vida  que  ninguém  vê”,  que
               envolve todas as disciplinas?
                       Esse  nome foi pensado e repensado para que, ao público, ele transmitisse
               uma  sensação  de  conexão,  como  fios  que  estão  interligados  entre  si.  Então,
               construímos a ideia geral de que essa ligação entre os fios é relacionada ao tempo.
                       O tempo passa, o tempo não volta e, por isso, há o passado, o que ficou lá
               para trás, mas não deve ser esquecido. O presente é o que acontece agora, que,
               um dia, também virará passado. Imagine que eles estão conectados, por mais que
               não estejamos atentos a isso. Mas os fios estão lá! Visíveis para quem quer ver. E
               você? Está disposto a vê-los?
                       O  objetivo  do  trabalho  era  confeccionar  duas  personagens  que, em algum
               momento, se interligam, embora uma delas (Personagem 1) viva em Paraty, durante
               o século XVIII, e a outra (Personagem 2) no século XXI, sendo uma moradora do
               Quilombo  do  Campinho,  no  estado  do  Rio  de  Janeiro,  local  em  que  os  alunos
               estiveram durante um Estudo do Meio.
                       Uma  fenda  se  abre  no  tempo!  Cada  grupo  de  alunos  criou  nomes  e
               características  para  cada  uma  delas,  fornecendo  detalhes  sobre  seus  modos  de
               vida. Eis que a Personagem 1 vai parar no período colonial e, estando invisível aos
               demais,  pôde  acompanhar  a  Personagem  2,  ficando  sempre  ao  lado  dela.  Pôde
               conhecê-la  como  uma  amiga.  Ambas  partilhavam  de  problemas  enfrentados  por
               serem  descendentes  de  africanos,  que  estão  inseridos  em  um  contexto  de
               invisibilidade. Nosso trabalho quer torná-las visíveis, para que os olhos das pessoas
               se abram para todos que enfrentam, em seu dia a dia, situações parecidas com as
               das duas mulheres
                       A  Personagem  1,  com  raça  e  gana,  preserva  sua  cultura  africana  com  o
               intuito de fazê-la perpetuar até os dias de hoje; e, a personagem 2, que sofre pelo
               regime escravista na época colonial, passa por fortes sofrimentos, mas, nos textos
               dos  alunos,  normalmente  aparece  como  figura  com perseverança, para continuar
               firme e com esperança de que, um dia, tudo aquilo acabe.
                       Lá  em  Paraty,  cidade  linda  de  se  ver,  os  estudantes  tiveram  o  prazer  de
               conhecer  uma  comunidade  quilombola,  que  foi  formada  logo  após  a  abolição  da
               escravidão  em  uma  porção  de  terra  obtida  por  três  mulheres  negras:  Luiza,
               Marcelina e Antonica. Assim, foi constituído, oficialmente, o Quilombo do Campinho.
               A partir dessa visita ao quilombo, foi possível observar, mais de perto, a vida de uma
               mulher afrodescendente quilombola nos dias de hoje.
                       Então, na confecção da personagem 1, tivemos mais facilidade. De qualquer
               forma,  muita  pesquisa  foi  realizada para complementar a nossa vivência em uma
               comunidade  que  carrega  uma  cultura  ancestral.  Montamos uma hemeroteca com


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