Page 12 - Fios do tempo
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Teresa Garcia (quilombola atual)
Sou Teresa Garcia, tenho 33 anos e nasci em 1992. Sou negra, tenho
cabelos cacheados e olhos castanhos. Sou a prova de que a dedicação e a
resiliência podem nos levar longe. Vivo, desde o meu nascimento, no Quilombo do
Campinho, localizado em Paraty, no Rio de Janeiro. Cresci em meio à natureza e
moro com minha irmã, meu cunhado e meus sobrinhos.
Busco sempre lutar pelos direitos de todos os moradores de nossa
comunidade. Sofremos preconceito por sermos descendentes de africanos. Aqui,
temos muitas atividades, como a dança do jongo, as oficinas de cestaria e produção
de objetos artesanais. Nelas, procuramos perpetuar nossas raízes culturais.
Desde cedo, aprendi a ser responsável. Perdi minha mãe ainda na infância e,
desde então, cuido de mim e ajudo a criar meus sobrinhos. Essa experiência
ensinou-me a lutar pelo que quero.
Sou uma pessoa sociável, dedicada e, embora às vezes perca o controle,
sou determinada a conquistar meus objetivos. Um dos meus maiores propósitos é
lutar pela igualdade das mulheres, em especial, das mulheres descendentes de
africanos e indígenas. Acredito que precisamos de mais representatividade e
visibilidade na nossa sociedade patriarcal.
Para construir um futuro melhor, estudo Letras na faculdade no período da
manhã, para me tornar professora. À tarde, trabalho como babá para ajudar nas
despesas de casa. Nos fins de semana, cuido de uma senhora idosa, o que
complementa minha renda. Além de tudo isso, me manifesto sempre que posso
para preservar a cultura de meus ancestrais.
Ana Beatriz Fantaguci Andreotti, Beatriz Lamarca D’ Andrade Furtado,
Laura Mota Francioli, Lorena Moraes Mammini e Luiza Almeida Fidelis
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