Page 23 - (Re)bolar a História
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pessoas de atuarem em conjunto, melhorando a nossa convivência, e isso faz todo
o sentido para mim. Quando eu lutava para ter meu espaço no samba ou quando a
Madrinha Eunice escolheu a música em vez do casamento e quando preservamos
nossa cultura, já estávamos praticando cidadania planetária, mesmo que sem
consciência. Por ser mulher e negra, ela enfrentou muito preconceito, mas nunca se
abateu.
As mulheres negras ainda enfrentam batalhas imensas. A desigualdade de
gênero e racial e a discriminação no mercado de trabalho são problemas que não
deveriam mais existir. Mas também vejo esperança. Mulheres como Aretha Duarte,
mulher preta, que subiu o Everest, com dinheiro que guardou com catadora de lixo
me mostram que, com esforço e coragem, podemos ganhar o mundo.
Deixo meu recado para todas as meninas que os pais não entendem os
sonhos ou que a sociedade diz que seu lugar é outro. Se teu coração bate por
alguma coisa, vai atrás! Eu apanhei, eu chorei, mas nunca parei de dançar.
Eu sou Maria Esther, a embaixatriz do samba, e esta é minha carta de amor
para o mundo. Como eu costumo dizer, idade não regula, o que regula é o rebolado.
Com carinho e samba no pé,
Maria Esther Camargo Lara
Catharina Neves de Oliveira, Julia Fernandes de Pontes
e Laura Haberli Silva Feria
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