Page 25 - (Re)bolar a História
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carnavalescos,  como  o  do  Brás, em 1936, Eunice conheceu o carnaval da Praça

               Onze, no Rio de Janeiro.   Ela disse ter ficado impressionada com o carnaval, queria
               ver o festejo que presenciou na capital fluminense em São Paulo. Assim, juntando

               amigos  e  familiares,  Eunice  fundou  a  Lavapés,  em  1937,  escola  de  grande
               importância na capital.



                    Com cerca de 20 anos, ela conheceu quem seria o seu futuro marido, Francisco
               Papa, conhecido como Chico Pinga, de quem se separou décadas depois quando

               ele  pediu  que  ela  escolhesse  a escola de samba ou ele. Ela preferiu ficar com o
               samba  e  separar-se  do  marido.  Mesmo  sem  poder  ter  filhos  biológicos,  teve  41

               afilhados, de onde veio o apelido de Madrinha Eunice.


                     Como já falei, ela foi considerada uma das figuras pioneiras do Carnaval de São
               Paulo, por ter fundado a escola de samba mais antiga de São Paulo e que  ainda

               está em atividade. Foi também ativista do movimento negro.  Atualmente, na cidade

               de São Paulo, foram instaladas três estátuas, pelo projeto do Patrimônio Histórico,
               em  homenagem  a  minha  grande  companheira,  que  foi  uma  inspiradora

               personalidade negra da cultura paulistana.


                     Madre  Eunice viveu até aos 87 anos de idade, o nome verdadeiro da minha

               grande amiga Madre Eunice era chamada Deolinda Eunice. Ela morreu em Abril de
               1995 por diabetes. Quantas saudades tenho dela!


                       Vou trazer para vocês, agora, informações sobre a Casa do Samba, que fica

               em Pirapora do Bom Jesus.


                       Antes da Casa do Samba existir, havia cinco casas no seu lugar e, entre elas,

               tinha a minha, onde eu morava, quando era novinha, junto com meu pai.
                       Quando eu ia em barracões dançar, sambar e acompanhar as batucadas, eu

               acabava  faltando na escola para me divertir. Na volta, apanhava de meu pai com
               vara de marmelo, que doía muito.

                       Eu fui viajar para São Paulo e lá, conheci a Madrinha Eunice, sobre quem já
               falei antes. Pedi algumas dicas a ela. Ela foi a inspiração que faltava para eu criar o

               grupo  Samba  de  Roda  de  Bom  Jesus  de  Pirapora,  sendo  uma  das  principais

               atrações da minha região.
                        Hoje em dia, a minha velha e incrível casa é um espaço histórico e turístico



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