Page 32 - (Re)bolar a História
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Maria Esther e suas loucuras
Olá, eu sou Maria Esther de Camargo Lara e fundadora da Casa do
Samba, que fica na cidade de Pirapora do Bom Jesus, interior do estado de
São Paulo. Quer saber mais da minha história? Então, vamos lá!
Quando eu era pequena, eu fugia de casa para dançar nas rodas de
samba de Pirapora do Bom Jesus, mas quando meu pai descobria, ele me
batia com uma planta elástica, mas, mesmo assim, eu continuava a ir nas
rodas de samba.
Eu fui a grande porta-voz das rodas de bumbo de Pirapora do Bom
Jesus e, por isso, sou uma figura de grande importância para o Samba
Paulista. Sempre falei uma frase: “Idade não regula, o que importa é o
rebolado”. Sou conhecida como a rainha do samba, a criadora do Samba
Paulista.
Em 1940, junto com outros, fundei um grupo que se tornou referência
nas tradições paulistas. Fui homenageada em diversos eventos e
reconhecida por minha importância na cultura paulista.
Quando eu era pequena, eu morava em uma casa que era bem
pequena, pois minha família não tinha dinheiro para morar em uma casa
melhor. Mas eu sempre fui muito feliz, foi lá que comecei a sambar.
Agora que eu não sou mais pequena, minha antiga casa é conhecida
como Casa do Samba e a cidade de Pirapora como berço do Samba Paulista.
Vivi em meio a ideias patriarcais. Os homens, desse modo, seriam
superiores às mulheres, que eram obrigadas a seguir as ordens de seus pais
ou maridos. Os salários, daquelas que conseguiam trabalhar fora de casa,
eram mais baixos. Hoje, isso é errado, sendo chamado de machismo.
Mulheres brancas ainda sofrem com os vestígios do passado. E imagine, eu e
a Madrinha Eunice? Sofremos ainda mais, pois também enfrentamos o
racismo, pois eu sou descendente de indígena e a minha madrinha era filha
de ex-escravizados.
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