Page 41 - (Re)bolar a História
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Você deve estar se perguntando, como ela cuidava de mim nas rodas de

               samba sabendo que era proibido mulheres.
                       Bom é porque ela é um caso à parte igual a mim.

                       Vou contar um pouquinho da história dela.
                        Madrinha Eunice era  filha de ex-escravizados, era uma mulher independente,

               não  se  enganava  fácil  e  não  aceitava um não tão facilmente como resposta. Por

               esses fatos se tornou a primeira mulher negra sambista. Criou a primeira escola de
               samba  em   São Paulo chamada Lavapés, com ajuda de algumas outras pessoas

               também. Essa escola tinha o intuito de levar essas festas de samba para a capital
               paulista. Ela era uma pessoa com muita fé, de reza muito forte, empreendedora e

               quitandeira. Também era militante do movimento negro. Defendia e refletia sobre o

               feminismo, pois via  como as mulheres negras e norte americanas eram silenciadas
               e injustiçadas. Resumindo, ela era uma pessoa muito boa.

                        Quando eu  estava perto dela sentia uma mistura de emoções como carinho,
               amor, cuidado e felicidade. Por isso admiro muito ela.

                        Falando nisso, tem uma mulher que admiro bastante, ela é a Aretha Duarte, e
               acho que temos uma história de vida parecida. Ela é   uma pessoa que luta muito

               pelos  seus  direitos  e  os  das  outras  mulheres, ela se arriscou para realizar o seu

               sonho  de  subir  o  Monte  Everest,  assim  virando  a  primeira  mulher  negra  sul
               americana escalar aquela montanha, para conseguir   o dinheiro para o seu sonho

               pegava lixo das ruas.
                       Os sonhos nos movem. Descobri que meu sonho era levar o samba para o

               resto  da  minha  vida.  Quanto  mais o tempo passava eu aprendia a dançar e virei
               uma mulher da roda, meu pai já não se importava mais, pois sabia que eu não iria

               desistir tão fácil.

                        Viajei por vários lugares como o Rio de Janeiro e São Paulo, mostrando para o
               mundo o que eu mais amava fazer, cantar e sambar.

                       Depois de muito tempo dançando por aí, fiquei conhecida.

                        E isso me deu confiança para me tornar uma das principais fundadoras do
               Samba  de  Bumbo,  fazia  algumas  músicas  de  histórias  que  haviam  acontecido.

               Uma delas é quando, alguns pescadores encontraram uma imagem de Jesus nas
               margens do Rio Tietê em 1725, a imagem foi levada a um palheiro onde pegou fogo,

               mesmo assim a imagem continuou intacta, e impecável.





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