Page 39 - (Re)bolar a História
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coletando lixo, além de ter ajuda de patrocinadores. Ela é um grande exemplo de
luta contra o machismo, além de fazer com que as mulheres sejam vistas pela
sociedade patriarcal em que vivemos, e nos mostra como podemos conquistar
nossos sonhos se não desistirmos deles.
Atualmente, a cidade de Pirapora, é reconhecida pela grande cultura do
samba, mas não a minha imagem, pois fui apagada da história de Pirapora, tudo
graças a imagem das mulheres nessa sociedade patriarcal. Apenas a Casa do
Samba e sua grande história continuam vivas, enquanto eu, fico pouco reconhecida
e silenciada. As pessoas têm que entender que o machismo não é só desrespeito
contra as mulheres, pois pode ser até crime. Machismo não é brincadeira, é coisa
séria.
Se eu estivesse caminhando pelas ruas de Pirapora e ouvisse o samba ainda
vivo, ficaria feliz de ver que algo que veio de outra cultura, que no caso é a africana,
lembraria dos tempos em que, quando criança, dançava ao som dos tambores e das
pessoas cantando. Eu só queria que, pelo menos, algum dia podessem me
reconhecer e relembrar minha história, além de marcar a descendência indígena e
negra, que são pouco vistas pela comunidade, e são importantes. Preconceito
contra elas? Jamais. Nós devemos respeitá-las, como devemos fazer o mesmo com
nós, mulheres. Devemos seguir em frente e levantar nossa voz contra esse tipo de
preconceito, e acabar com essa sociedade patriarcal, além de conseguir igualar
nossos direitos com os homens. Uma mensagem que queria dar para vocês,
leitores, é que não deixem o samba morrer, e pelo menos consigam se lembrar de
mim e da minha imagem como um exemplo para a voz feminina no Brasil.
Eu sou uma mulher importante para o samba. Se for para Pirapora, vá para a
Casa do Samba para lembrar de mim e minha imagem.
Em Pirapora, eu era uma pessoa indígena e famosa, mas, em outras cidades,
ou outros estados, não sou famosa, mas se você ouvir falar de mim, lembre que sou
um ícone para os sambistas.
Enzo Poschen Trivillin, Gabriel Dall`Ovo Junqueira, Lorena Gomes,
e Maria Valentina Foresteiro Ghenne
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