Page 104 - Fios do tempo
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Paraty, 5 de setembro de 2025.
Olá, Anaya, meu nome é Dandara Akello Zola e tenho 32 anos. Eu moro no
Quilombo do Campinho, em Paraty, onde a tradição e a resistência moldam a nossa
vida cotidiana. A minha casa é simples e um abrigo cheio de memórias e histórias
que nos conectam ao passado. Sei que você viveu em um tempo muito difícil, e é
com profundo respeito que me dirijo a você.
No Quilombo do Campinho, mantemos vivas as tradições, como o jongo e a
feijoada. O jongo, uma dança típica, é uma forma de celebrar a nossa herança e,
sim, eu já dancei.
A feijoada, prato que une as famílias, é uma das minhas comidas favoritas, e
é uma maneira de reunir a comunidade em torno da mesa. Vivo com a minha mãe,
Tiê Camada, de 77 anos; meu pai, Cabral Brito, de 78; e minha avó, Imani Comédia,
que já tem 89 anos. É uma bênção conviver com essa rica sabedoria e experiência,
que nos ensina a valorizar o que realmente importa: a família e a nossa cultura.
Durante a semana, meu dia começa cedo.
Acordo, tomo meu café da manhã, arrumo-me e cuido da plantação. Depois,
vou dar aulas na escola que fica perto do quilombo. A educação é uma das formas
mais poderosas de liberdade, e eu me esforço para passar isso adiante para as
novas gerações.
Espero que esta carta chegue até você, onde quer que você esteja. Que as
nossas histórias, embora distantes em tempo e espaço, se entrelaçam na busca por
liberdade e identidade. Com carinho e respeito,
Dandara Akello Zola
Maria Clara Castelo B, Durazzo , Theo Almeida da Silva e Vinicius B. Rodrigues
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