Page 125 - Fios do tempo
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Paraty, 20 de abril de 2025.

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                       Te vi parada descansando, porém, quando ia falar com você, o ouro chegou.
               Eu me senti feliz de te ver, porém triste em ver a condição miserável  em que vivia,
               com o rosto virado pro céu, pedindo a Deus para tudo melhorar. Você  dormia em
               um quarto com a cama preta e dura, porém o que mais me chamou atenção foi seu
               nome, Ayana Bankole.
                       Quando  te  vi,  pensei  que  era muito diferente, muito mesmo. Te ver assim,
               nessa  condição  me  fez  refletir,  que  estamos  melhorando.  Hoje  a  escravidão  é
               proibida e o racismo é crime. O racismo é o preconceito, o ódio contra nossa cor
               negra.  Eu  sou  Isadora  Ferraz, moro no Quilombo do Campinho, um lugar lindo e
               perfeito para nós.
                       O nosso quilombo foi fundado por três mulheres: Antonica, Marcelina e Luiza.
               E, desde então, moro aqui, mas penso o que foi necessário para tudo isso. Sei que
               você sabe o que é um quilombo, porém agora não é só um lar de escravizados e
               sim  um  lugar para nos abrigar. Contudo, nem tudo é mil maravilhas, as mulheres
               negras  ainda  sofrem  com  racismo  e  desigualdade  de  gênero,  que  é  quando  os
               homens são mais valorizados que nós, mulheres, porém isso pode melhorar.
                       No final do século XIX, os escravizados foram libertados, porém nem tudo é
               perfeito. Eles foram soltos sem condições de continuar as suas vidas, sem comida,
               sem lar, sem suas famílias…
                       No  nosso  quilombo,  temos  uma  culinária  ancestral  e  usamos  ingredientes
               típicos, como mandioca, feijão e milho.  O cheiro de lá é uma mistura de um aroma
               tropical  com  barro  e  um clima quente. O nosso principal evento é o jongo, que é
               uma dança que ocorre com várias músicas típicas e danças de um homem e uma
               mulher.

                                                                         Bom,espero te ver mais vezes,
                                                                                                    Isadora

                                                             Emily Sonoda, Gabriel Castanheira Caria,
                                                Eduardo M. de Castro Souza e Lucas de M. Colomera
















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