Page 123 - Fios do tempo
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Isadora Ferraz (quilombola atual)
Em Paraty, moro em uma casa de barro com meu cão Joca. Minha casa tem
dois quartos e um banheiro. Em meu quarto, tem uma bancada de madeira,
animais empalhados, colares, pulseiras e até algumas esculturas. No Quilombo do
Campinho, temos um restaurante ótimo por lá.
Estudo em um colégio próximo a minha casa, meu maior feito foi ter dançado o
jongo pela primeira vez. O jongo é uma dança cultural que consiste em várias
pessoas dançando em uma roda, com músicas típicas, você é escolhido para
dançar no meio da roda com uma outra pessoa. Quando uma música acaba, você é
obrigado a chamar outra pessoa para dançar com você. Após o fim de uma música,
você volta para a roda.
Eu dancei e me diverti. Resido com a minha mãe, Isabela Ferraz, meu pai Bruno
Ferraz e minha irmã Maria Ferraz. Minha mãe tem 50 anos e é curandeira, meu pai
tem 55 anos e é carpinteiro e minha irmã com 30 anos vende coisas. Eu acordo, vou
para a loja da minha irmã, fabrico objetos artesanais e depois vou ao campo jogar
bola. Amo futebol e isso para mim é importante porque vivemos em uma sociedade
machista, em que coisas até esportes são focados no gênero masculino e as
mulheres ficam de fora. Sinto-me mudando essa história.
Eu sou magra e tenho 1,73 cm de altura com cabelo liso e longo, sou calma e
adoro ajudar os outros, também sou ótima tricotando. Eu tenho uma religião de
matriz africana. Eu não gosto de como a sociedade vê as mulheres negras.
Emily Sonoda, Gabriel Castanheira Caria,
Eduardo M. de Castro Souza e Lucas de M. Colomera
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