Page 120 - Fios do tempo
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Tereza (escravizada africana)
Meu nome é Tereza. Tenho 43 anos. Nasci em 9 de outubro de 1614. Teresa
era alta, tinha cabelos longos e cacheados e tinha olhos castanhos escuros. Era
criativa, inteligente e adorava dança e música.
Eu morava na casa dos senhores, passando muito tempo dentro de uma
senzala. Essa senzala era suja e não tinha cama, comida, ou higiene. Nas senzalas
tinham correntes para prender os escravizados e era bem escuro e frio. As famílias
não ficavam juntas e precisavam se habituar a aquelas condições desumanas. Eram
construídas com materiais simples e baratos. Era um local de angústia e medo.
Eu morava na África e tinha um filho de nove anos antes de ser levada para a
colônia portuguesa e, depois, não o vi novamente. Trabalhava como costureira e
tecelã. Passei dois meses em um navio sem condições básicas de higiene e
alimentação. Era acorrentada e presa com muitos outros capturados, até chegar em
Paraty. Ao chegar, éramos levados para sermos vendidos. Fui vendida a um
fazendeiro rico e passei a trabalhar limpando sapatos, esfregando o chão e servindo
meus donos.
Meu dono estava em busca de riquezas. Seu nome era Álvaro e tinha 58
anos. Ele era bravo e agressivo, além de ser preguiçoso e desumano. Me mandava
fazer tudo e não levantava da cadeira nem para amarrar os sapatos.
Era acordada cedo e levantava para começar as tarefas. Não comia nada de
manhã e ia ajudar na cozinha na preparação do café da manhã. Depois, servia os
senhores e lavava as louças. Em seguida, limpava o chão enquanto os homens
estavam nas plantações. Chegava o almoço e comíamos purê de cenoura com
feijão e outros alimentos que não sabíamos o que era. Depois, eu saía para vender
as produções da colheita da manhã. Voltando para casa, preparava o jantar, servia
os senhores e ia dormir.
Depois de escravizada, eu passei a utilizar roupas simples, sujas e rasgadas,
que os senhores davam para mim. Porém, antes de ser escravizada, utilizava
roupas coloridas e comia comidas típicas africanas; porém, depois passei a comer
uma mistura de mingau com cenoura, feijão e outras coisas.
Eu me sentia triste, por ser retirada da minha terra, e angustiada, lembrando
de minha família e minha vida passada.
Beatriz Radonsky Dias, Dália Madi Rezende de Freitas,
Nathalia Rios Nunes e Rafaela Melissa Medeiro Agostini.
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