Page 116 - Fios do tempo
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Niara Lunga (quilombola atual)

                       Meu nome é Niara Lunga, sou descendente de Antonica, uma das criadoras
               do Quilombo do Campinho, onde moro. Minha casa é a menor de todo o quilombo e
               a mais antiga, por isso mostra técnicas tradicionais e materiais locais.
                       Meu pai morreu após ter uma doença e, devido à falta de inclusão social, ele
               não  foi  atendido  e morreu. Moro com meu marido, Carlos Juma e meu filho. Sou
               professora  no  quilombo,  ensino  as  crianças  do  Ensino  Fundamental,  nas  séries
               iniciais.
                       No  meu cotidiano, eu acordo às oito horas da manhã, ajudo meu marido a
               fazer o café da manhã, me arrumo para ir à casa da minha mãe, depois de visitá-la
               vou almoçar em um restaurante e depois vou à escola para lecionar. A aula começa
               às 13h e acaba às 17h,  pego meu filho na escola e levo para o futebol. Enquanto
               isso,  meu  marido  vai  ao  mercado  para  comprar   jantar  e  o  café  da  manhã.
               Chegamos em casa e fazemos uma macarronada, a comida preferida do meu filho,
               eu ajudo a fazer a lição e depois vamos dormir.
                       Sobre  minhas  características  físicas  e  psicológicas,  tenho  um  cabelo
               cacheado e longo, e tenho um metro e sessenta centímetros de altura. Depois que
               meu  pai  morreu,  eu  desenvolvi  depressão  e  engordei  um  pouco.  Tive  que  fazer
               terapia  e  comecei  a  fazer  academia.  Hoje  em  dia,  melhorei  bastante.  Sigo  a  de
               religião matriz africana.


                       Atualmente,  onde  eu  resido, houve uma grande evolução na infraestrutura,
               como  escolas,  turismo  e  moradias.  No  Brasil  de  hoje,  as  mulheres  negras
               conquistaram  muitos  direitos,  mas  há,  ainda,  muita desigualdade. Para garantir a
               preservação do patrimônio do local onde eu moro, é necessário que o quilombo seja
               um local mais turístico e que seja reconhecido pelo governo.

                                                    Luca de Oliveira C. Delmonte, Bernardo M. Freire,
                                                                      Davi A. Faleiro e Lucca R. Pagani


























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