Page 33 - Fios do tempo
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outras mulheres. Lutamos pelos nossos direitos, pois ainda sofremos os vestígios
do período colonial, em que os brancos se sentiam superiores aos negros e os
homens lideravam a sociedade, impedindo as mulheres de efetuarem suas próprias
escolhas.
O fim da escravidão não foi marcado com festas. Não houve música, nem
descanso. O que teve foram disputas e desafios enfrentados por nós, que não
apagavam tempos de dor. A liberdade chegou, mas não veio inteira.
Os corpos estavam livres, mas os caminhos continuavam estreitos.
A terra não foi entregue. Os nomes não foram devolvidos. E essa
reconstrução não aconteceu de um dia para o outro. Foi lenta, feita com esforço,
com memória, com resistência. Um processo que continua, dia após dia, até hoje.
O Quilombo do Campinho tem esse nome por ter um campo de futebol, um esporte
que jogamos bastante. Comemos muitas comidas diferentes e bem gostosas, várias
sou eu que preparo.
Quero deixar palavras de esperança. Quero que continue sendo a mulher
invencível que é, enfrentando tudo com seu sorriso no rosto. Você é uma inspiração
para nós, mulheres negras do século XXI. Obrigada pelo jeito que você é, por me
fazer enxergar o passado e perceber que tenho que lutar pelo nosso futuro.
Pelo futuro das mulheres negras,
Zeferina
Felipe do Prado Silva, Gustavo Paiva Bampa, Davi Tonello
Fernandes Parada e Leonardo Rocha Campos Delmutti
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