Page 37 - Fios do tempo
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Zola Deandé (quilombola atual)
Olá, me chamo Zola. Eu tenho 33 anos e vivo no Quilombo do Campinho em
Paraty. Tenho quatro filhos e um marido. Meus filhos se chamam Xabu, Wanna,
Yabu e Zabu. E meu marido se chama Cafundó.
Resido no Quilombo do Campinho, em Paraty, no estado do Rio de Janeiro.
Moro em uma casa feita de barro e madeira. Ela é bem simples. Eu sempre acordo
cedo, antes do sol nascer ou de minha família acordar. Logo quando acordo, já faço
o café da manhã para minha família e já saio de casa para trabalhar. Infelizmente,
em meu trabalho, sou vista como alguém não importante por conta da minha origem
africana. Temos que lutar contra o fim de situações como essas.
Quando volto para casa, vou ao mercado e compro o que eu consigo para
alimentar a minha família. Assim que chego em casa, falo com os meus filhos de
uma forma feliz, para que eles não se preocupem com nossa situação de vida. Faço
o jantar para minha família e vou dormir.
Gosto de praticar danças relacionadas à minha história e à minha cultura.
Mas gosto principalmente de plantas, de todos os tipos. No quilombo, sou muito
conhecida por ser uma das melhores jardineiras, e todos usam minhas plantas de
tempero para as comidas. Também trabalho com ervas medicinais. Tudo isso ligado
à minha cultura ancestral, que procuro passar para os mais jovens.
Eu tenho 1,70m de altura, sou negra, tenho olhos castanhos e cabelo
enrolado. Mas mais que isso, minha principal característica é ser uma mulher forte
que luta a favor dos direitos de minha cultura, e também contra as ameaças de
perdemos nossas terras.
Eu também sigo a religião de matriz africana, que tem a ver com os
escravizados quando os portugueses trouxeram os africanos para o Brasil. Um outro
motivo que faz com o que eu siga esta religião é que eu fui fortemente influenciada
pela minha família e os moradores do quilombo. Além disso, quero preservar minha
cultura ancestral.
Eu sigo em frente batalhando todos os dias para obter meus direitos. E
também para também ajudar minha comunidade a ter uma vida sem preocupações
e sem ter aquela sensação de sofrer racismo a qualquer momento.
João Pedro de Lima Pantarotti, Antonio Augusto A. Cavaliere, Fabiano Cristovão
Guimarães, João Victor de Freitas Gadducci e Guilherme Bergmann Cabral.
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