Page 68 - Fios do tempo
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sagrada. Participo dos ritos de passagem e das festas religiosas, como a de Nossa
               Senhora  do  Rosário  dos  Pretos,  que  unem  elementos  africanos  e  católicos.  O
               respeito  à ancestralidade é o centro da minha vida, mas também tenho traços da
               religiosidade  católica, pois os escravizados foram submetidos a ela, formando um
               ecletismo religioso. Mas, a matriz africana é o meu principal alicerce espiritual.

                       Viver em um quilombo é aprender todo dia o que é resistência e comunidade.
               Aqui, cada pessoa tem um papel para preservar o que é nosso. As mulheres negras
               da  minha  comunidade e de todo o Brasil são guerreiras. Elas sustentam famílias,
               guardam  tradições  e  lideram  lutas,  mesmo  quando não são reconhecidas. Nosso
               quilombo é matriarcal. Ou seja, as mulheres são as lideranças.


                       Ajudo  meu  quilombo  cuidando  da  natureza,  valorizando  nossas  festas  e
               tradições,  respeitando  e  dando  visibilidade  às  mulheres  negras  e  combatendo  o
               racismo com a minha voz e minhas atitudes.

                       Eu sou Yara Caiapó. Vivo com orgulho, resistência e esperança em um futuro
               de igualdade e reconhecimento para o meu povo.




                                          Laura Lis Salvagni, Luísa de Araújo Antunes Freitas,  Maria
                               Eduarda Lima David, Sofia Ackermann Ricci, Serena Mesquita Jobim,
                                                        Sofia P. Sousa e Manuella Pannunzio Teixeira.




                                                             Colaboração de Manuela Rodrigues Mota























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