Page 64 - Fios do tempo
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Abigail das Dores Santos (quilombola atual)
Olá, meu nome é Abigail das Dores Santos e tenho vinte e quatro anos. Sou
uma mulher negra, com olhos castanhos e cabelo crespo. Resido no Quilombo do
Campinho, em Paraty, no Rio de Janeiro.
A minha casa é simples, não tem muita coisa, mas é algo que representa
como nós somos. Esta moradia é dos meus descendentes já há muitos anos,
quando três mulheres fundaram o nosso quilombo, no século XIX.
Minha mais antiga ancestral, que chegou nas terras colonizadas pelos
portugueses, onde hoje é o Brasil, foi trazida pelos portugueses da África para ser
escravizada durante o século XVIII. Era um momento em que os colonizadores
eram sedentos em achar ouro e enriquecer a monarquia nacional portuguesa.
Tudo isso é muito triste, mas, pelo menos, hoje, conseguimos batalhar contra
isso e eliminamos a escravidão. Mas eu já tive depressão, quando enfrentei
problemas ligados ao racismo. Tento conservar nossa cultura africana e, por isso,
sigo a religião de matriz africana.
Em casa, vivo com um filho e duas irmãs, gosto de dividir minha casa com
todos. Meu filho se chama Acauã, uma das minhas irmãs se chama Abimbola e a
outra Ajoke. Todos os dias, eu saio de casa às cinco horas da manhã, para ajudar
nas plantações do quilombo e também ajudo na pescaria para ter o que comermos.
A minha opinião sobre as mulheres negras no Brasil é que mesmo a
escravidão, já tendo acabado, a desvalorização delas, no mercado de trabalho
ainda é grande. Isso é possível ver nas notícias e reportagens que são publicadas
todos os dias.
Daniel, Luiz, Davi, Rafael e Rafael Moreira
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