Page 50 - Fios do tempo
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extremamente  importante  preservar  essa  cultura  linda  que  vem  de  nossos
               antepassados escravizados. Respeito quem é católico, evangélico, budista… Acho
               que todas as religiões nos levam ao mesmo objetivo, mas em caminhos diferentes.
               Então,  é  preciso  ter  respeito  por  aquilo  que  cada  um  acredita.  Quero  que  todos
               tenham acesso a uma boa educação, esperança, honra, valorização e liberdade.
                       Preservar  a  religião  de  matriz  africana  é  fundamental  em  uma  sociedade
               onde há intolerância religiosa e preconceito. Nossa religião preserva muito valores
               positivos que ajudam na construção de uma sociedade mais respeitosa. Eu tenho
               muita vontade de conhecer outras religiões, sendo ou não de matriz africana.
                       Ser mulher quilombola me dá muito orgulho. Viver aqui é ter liberdade e ser
               feliz. O quilombo é sinônimo de resistência e é onde meus antepassados deixaram
               seu  legado  e  cultura  para  nunca  serem  esquecidos.  Por  isso,  aqui  no  quilombo,
               todos os dias ensinamos para as crianças nossa cultura e nossos valores para que
               isso  nunca  seja  esquecido.  Passar  nossa  cultura  de  geração  em  geração  é
               fundamental para o fortalecimento dela. Aqui onde resido, há muita natureza, ela é
               como  nossa  família  e,  por  isso,  cuidamos  muito  bem  dela,  sem  exploração  ou
               desmatamento.
                       As  mulheres  no  Brasil  atual  ainda  são  muito  desvalorizadas  e rebaixadas,
               mas todos os dias lutamos contra isso, estudando e trabalhando muito para que um
               dia a sociedade possa reconhecer o quão somos capazes de liderar nossas próprias
               vidas e a História.
                       Há muitas mulheres negras que foram e são importantes para o Brasil, mas,
               por  serem  negras,  não  são  reconhecidas.  Elas  e  muitas  outras  precisam  ser
               conhecidas e ter espaço para sua voz. Estamos na luta por isso. Admiro todas as
               mulheres  que  também  são  negras  e  lutam  contra  o  racismo  e  desigualdade  de
               gênero contra nós!! Isso tem que mudar.


                     Alice Ribeiro Rossi Pinotti, Isabella Ganem Fellinger, Manuela Rodrigues Mota,
                      Maria Fernanda F. Andreotti, Paola Larizzatti Correa e Rafaela Huvos Fukabori

















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