Page 82 - Fios do tempo
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Jabari Iluga (escravizada do século XVIII)

                       Meu  nome  é  Jabari  Ilunga,  tenho  vinte  e  cinco  anos  e  nasci  no  dia
               29/09/1531.  Minhas  vestimentas  são  simples,  de  baixa  qualidade e tecidos ruins.
               Utilizo vestidos e turbantes totalmente brancos. Nas celebrações, vestimos roupas
               mais elaboradas.
                       Eu  sou  africana  e  fui  levada  para  terras  distantes  após  ser  vendida  por
               homens que nos levaram até um porto e nos colocaram numa grande embarcação.
               Eu e outros do meu povo foram escravizados por pessoas comandadas pelo rei de
               Portugal,  que  liderava  uma  monarquia  absolutista  e, para enriquecer seu Estado,
               transformou-nos em mercadoria. Fomos trazidos para Paraty, uma cidade litorânea,
               para construir ruas, casas e fazer trabalhos domésticos.
                       A  casa  onde  eu  moro  é  grande,  porém  moram  várias  pessoas  nela.
               Dormimos  no  chão  recoberto  de  palha.  Passo  o  dia  inteiro  trabalhando,  com  a
               supervisão dos meus três donos, Antônio Oliveira de 28 anos, Cosme Silva de 31
               anos e Benedito Rodrigues de 25 anos. Eles me maltratam se eu não faço direito o
               meu trabalho.
                       Eu  sou  muito  magra  e  fraca,  ficando  doente  facilmente,  mas  isso  não  me
               impede de trabalhar, pois sou forçada a nunca cessar o trabalho. Ninguém cuida da
               minha saúde. Choro de dor quando vou dormir, mas sempre fui alegre e otimista,
               mas sinto falta de casa. Além de ter largado minha casa, meus donos me obrigam a
               ser católica, e tive que largar minha religião nativa.


                                                   Bruno Menossi Borceto, Lucas Dai Kusaba, Murillo
                                           Antonio Lopes Branco da Costa e  Theo Battaglia Penariol

                                                             Colaboração de Manuela Rodrigues Mota
















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